Há alguns dias encontrei um rapaz muito simpático e comunicativo, que vem me dando esporádicas aulas sobre o sagrado e o profano, enquanto espero meu ônibus para ir pra casa.
Tudo começou com uma tatuagem (horrorosa por sinal) de um cupido, nas costas de uma mulher que estava no ponto de ônibus, assim como nós dois. Então o rapaz me perguntou se eu sabia que o cupido era um símbolo do diabo.
Agora, caro leitor, eu pergunto, você já ouviu essa história alguma vez?
Bom, eu nunca tinha escutado. Para mim, o cupido é um anjo que simboliza o amor puro e verdadeiro, por isso seria algo divino, dos céus. Mas, segundo meu novo amigo, eu estava enganada, aquele anjinho de cachinhos dourados, com o arco e a flecha do amor, faz parte do exército do mal.
Ele tentou me explicar o porquê, mas sua explicação me pareceu um tanto confusa, dizendo que ele era símbolo do espiritismo, que procura saber de toda nossa vida pra contar pro coisa ruim e assim vai...
De tudo isso, a única coisa que era clara é que não compartilho da mesma opinião, nem sobre o cupido e nem sobre a existência do diabo, demônio, tranca rua, sete pele, lúcifer, belzebu, satanás...
Para mim ele não existe. Ele é apenas uma desculpa que inventaram para as atitudes erradas do homem, ou que consideram erradas. Porque é muito fácil colocar a culpa de nossos erros em alguém ou algo. É aí que está um dos grandes defeitos do ser humano: não reconhecer que errou, que foi fraco. Nós achamos inteligentes demais, superiores demais, enfim, bons demais para admitir que não somos perfeitos.Afinal, como pode alguém que é a imagem e semelhança do Criador cometer erros?
Isso sim é uma “Santa Ignorância”! Somos a imagem e semelhança, não somos Ele. Na verdade, às vezes eu acho que Deus já errou. No momento em que criou o homem, e o deu todo esse poder a ele. Talvez outros animais cuidassem melhor desse mundo.
Nós, seres humanos, temos plena consciência de nossos atos. O diabo, talvez seja a maldade e a ganância que existe dentro de todos nós, e o inferno é a guerra criamos, o mundo que destruímos, a desigualdade e o preconceito que espalhamos por aí.
E se realmente existir um julgamento final e o homem for usar a desculpa da influência demoníaca, é bem provável que Deus diga: “Eu vos dei o livre arbítrio. Coloquei no mundo apenas o trigo e vós o transformastes em joio”.